Biografia

Fátima Oliveira (1953-2017) foi uma mulher negra, feminista, médica e defensora incansável dos direitos sexuais e reprodutivos. Nascida em Graça Aranha, Maranhão, no dia 20/09/1953, Fátima tinha o sonho de se tornar médica e lutar pelo seu povo desde jovem. Crescendo em uma família de origem pobre, ela enfrentou desafios, mas perseverou em seus objetivos.

 

Ao longo de sua carreira, Fátima Oliveira deixou um legado notável em suas pesquisas e contribuições. Ela foi autora de vários livros e pesquisas publicadas pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), abordando questões relacionadas às doenças prevalentes na população negra. Sua preocupação com as mulheres negras brasileiras a levou a se tornar uma grande ativista na luta pela legalização do aborto e pela construção de uma sociedade igualitária, livre de machismo, homofobia e ódio religioso.

 

Fátima Oliveira foi membro fundadora da Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Sexuais Reprodutivos, onde deixou um legado indescritível. Sua atuação na luta pelos direitos reprodutivos e pela saúde da mulher negra foi notável, e ela se destacou como uma voz importante nesse campo.

 

Além de sua atuação como médica, Fátima Oliveira contribuiu significativamente para o estudo da Saúde da População Negra, Bioética e o Programa Nacional de Anemia Falciforme. Seus artigos e participações foram de relevância incontestável.

 

Fátima também foi membro do Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR) e do Conselho Consultivo da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe (RSMLAC). Ela foi uma ativista incansável nas questões étnico-raciais e feministas, além de ser uma defensora árdua do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Democracia. Ela militou na UNEGRO e no Partido Comunista do Brasil.

 

Sua trajetória na luta feminista pela saúde da mulher começou nas preparatórias da 1ª Conferência Nacional de Saúde e Direitos da Mulher, em 1986. Desde então, seu engajamento só cresceu. Ela também participou de iniciativas de trabalho social, como o Ninho (atual Pastoral da Mulher Marginalizada, da Igreja Católica), onde buscava aproximação com prostitutas para conversar sobre cuidados com a saúde e encaminhamentos necessários.

 

Reconhecida por sua atuação e conhecimento, Fátima Oliveira conquistou uma posição de destaque no cenário nacional e internacional. Em 2005, ela foi indicada como uma das 52 brasileiras ao Prêmio Nobel da Paz pelo projeto “1000 Mulheres para o Nobel da Paz 2005”.  No mesmo ano de 2005 foi uma das indicadas ao prêmio Nobel da Paz.

 

Além de sua dedicação à medicina e ao ativismo, Fátima Oliveira também se aventurou na escrita. Ela escreveu diversos livros de divulgação e popularização da ciência, abordando temas como engenharia genética, bioética, transgênicos e reprodução humana assistida. Além disso, ela também publicou romances que refletiam suas convicções e questionamentos sobre a sociedade.

 

Infelizmente, Fátima Oliveira nos deixou precocemente em 5 de novembro de 2017. Sua partida deixou um vazio na luta pelos direitos das mulheres, da população negra e da igualdade social. No entanto, seu legado continua a inspirar muitas pessoas a seguirem seus passos e a trabalhar por um mundo mais justo e igualitário. Sua memória permanece viva e sua influência é sentida até os dias atuais.